domingo, 2 de agosto de 2009

13 - AS CIDADES E SUAS MEMÓRIAS

DÁRIO TEIXEIRA COTRIM

As cidades se identificam com a sua história e cada uma dessas histórias é merecedora de especial apreciação por parte de sua população. Há livros que contam causos curiosos do tempo pretérito, enquanto que, outros narram fatos fantasiosos e lúdicos sem muita convicção do princípio certo. Aliás, alguns desses fatos, inerentes a formação política e administrativa de cada município, são de alta relevância para o seu conhecimento histórico, embora se narre muito pouco a respeito do que se quer saber. E como são felizes as cidades que possuem um filho que a ama e admira o seu passado, conseguindo perpetuá-lo na história. Desde já cumpre dizer que uma cidade sem memória é uma cidade sem história.

Para ter-se melhor idéia do que significa a importância das monografias passaremos a registrar algumas das quais se referem às cidades deste sertão bruto da Bahia. Em Palmas de Monte Alto, por exemplo, o doutor Waldemar Teixeira de Moura alinhavou os fatos históricos de sua cidade. Assim o fez também o acadêmico Honorato Ribeiro dos Santos, que escreveu vários livros sobre a emocionante história da cidade de João Duque (História de Carinhanha). Em tempos posteriores, o jornalista João Gumes registrou alguns fatos sobre Caetité a encantadora cidade do educador Anísio Spínola Teixeira. È interessante notar que a história completa desta querida comunidade foi escrita pela ilustre professora Helena Lima Santos, no livro Caetité, pequenina e ilustre.

Não se trata aqui, certamente, de um acaso quando o doutor Mário de Paula escreveu as suas memórias no livro O Médico dos Sertões da Bahia, crônicas que falam sobre a sua passagem pela antiga vila de Duas Barras, hoje a cidade de Urandi. Por outro lado, o mesmo fez o doutor Flávio Neves com o seu Rescaldo de Saudades quando escreveu ali as suas memórias do tempo ginasial. Observa-se, entretanto, que os livros sobre Caetité são os mais ricos em informações, haja vista a sua condição de cidade pioneira nesta região da Serra Geral. Por isso, já no século dezenove, o engenheiro Teodoro Fernandes Sampaio escrevia páginas sobre a Vila Nova do Príncipe e Santana de Caetité.

È mais do que provável que a sorte rondava o sertão, e em virtude disso surgiu das entranhas da vetusta Condeúba o erudito historiador doutor Tranquilino Leovigildo Torres que fundou o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia. Ainda escreveu Torres As Memórias Descritivas de Condeúba, além de outras monografias. Também deste sertão para o recôncavo baiano, o professor Erivaldo Fagundes Neves, autor da excelente obra Da Sesmaria ao Minifúndio. Sobre as cidades de Mozart David (Jacaracy) e do poeta Patrício Guerra (Mortugaba) escreveu suas monografias a acadêmica Zoraide Guerra David. O padre Turíbio Vilanova Segura produziu o livro Bom Jesus da Lapa – Resenha Histórica.

Continuando o trabalho de meu avô, Domingos Antônio Teixeira (Respingos Históricos), publicamos três trabalhos sobre a cidade do influente coronel Pedro Francisco de Moraes (Guanambi): Guanambi, aspectos históricos e genealógicos; O Distrito de Paz do Gentio e a história sucinta de sua decadência e Breves Notas Sobre a Origem do Município de Guanambi. Estamos preparando, já há algum tempo, os Estudos Toponímicos da Vila de Beija-flor – Município de Guanambi. Neste ensaio desenvolvemos pesquisas sobre a evolução política, administrativa e judiciária da cidade. Ora, é certo que não faltava, jamais, quem se prontificasse a discernir nessas formas inéditas as escritas de algum modelo remoto e quase relegado ao da memória. Porque o livro sobre as memórias das cidades é considerado a sua Certidão de Nascimento, assim como acontece com a Carta de Pero Vaz de Caminha que agora representa para o Brasil a certidão do seu nascimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário