sábado, 1 de agosto de 2009

6 - ALÉM DO REVOLTO MAR

DÁRIO TEIXEIRA COTRIM



Sem nenhum exagero, este novo livro de Benedito Teixeira Gomes vem agora, reforçar ainda mais a originalidade de sua criação e o talento que possui para a elaboração de seus poemas. Comentando-o, em matéria anterior, reafirmamos a sua tendência da escola imitativa de Castro Alves. Já nas primeiras páginas encontramos poemas que marcam a volta do romantismo real na sua temática e no seu estilo. Preocupa-se o poeta em buscar a beleza do classicismo. Esta busca que é um grande problema para os poetas contemporâneos, uma vez que a maioria deles adota temas com liberdade de criação e textos extremamente extravagantes.

Não há apego para com as regras gramaticais, o que não acontece aqui em Mar Revolto. Não há, tão pouco, a menor preocupação para com a censura literária, o que também não acontece em Mar Revolto. O autor sabe que a sua poesia é moderna e liberada dos quadros lógicos, formulados pelos pensamentos dos mais afoitos. Que seus versos podem alongar-se numa retidão indefinida de surrealismo e com as suas diferentes características.

Os poemas de Benedito são feitos do que ele é: um homem temente a Deus e essencialmente humano e social. Destacamos, entretanto, o poema “Legenda” que é um oferecimento póstumo àquele que durante toda a sua vida dedicou às causas de nossa arte literária: Elcio Cardoso Guimarães.

“Foi-se o homem mortal/ a legenda genial, imperecível/ do poeta arrojado, hipersensível/ do exímio orador e romancista...”.

Noutras palavras podemos afirmar que Benedito é um escritor na plenitude de sua criação. Talvez lhe falte tempo para que possa ficar imerso nas escritas e nos livros por horas infinitas. Isto para que possa criar os sonetos mais brilhantes e mais admiráveis entre todos os que já foram compostos por ele.

Pois, a forma, a que ele escreve com toda a alma, está no soneto. Certamente é o poeta Benedito o mais completo sonetista de Guanambi. Talvez seja ele o único a fazer escola clássica em nossa região. Compor sonetos pode não ser um momento prazeroso, mas certamente o é na sua conclusão. O soneto é a alma da poesia. O soneto é o coração da poesia. O soneto é poesia viva. Em “Sedução” nós percebemos a figura indelével do romantismo de Casimiro de Abreu, como também a melancolia do consagrado artesão das letras, o poeta Álvares de Azevedo.

“És linda, sensual... nos seios brancos/ dois pequenos botões de rosa prendem/ ao vê-los meus olhinhos se ascendem/ pulsa meu coração aos solavancos...”.

A diferença, fundamental, entre os livros Pétalas e Mar Revolto, fica por conta da maturidade do poeta. Hoje ele está muito mais seguro de suas criações artísticas do que antes. É que Pétalas surgiu desde o ardor dos seus verdes anos e, em Mar Revolto o imaginativo seguro de quem conhece o caminho das letras. Benedito é considerado o maior vulto da atual geração romântica de poetas de Guanambi. Disso eu não tenho dúvidas!

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